A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Campos dos Goytacazes, nesta segunda-feira (14), para inauguração do novo campus da Universidade Federal Fluminense (UFF), já começou cercada de polêmica. Na noite de domingo, muros da instituição amanheceram pichados com frases como "Fora Lula" e "Lula Ladrão", evidenciando a forte rejeição local ao petista. As inscrições foram rapidamente apagadas na manhã desta segunda — por funcionários da própria UFF, e não por servidores da Vital Engenharia, empresa contratada pela Prefeitura de Campos. Áudios no WhatsApp tentaram atribuir a atitude de limpeza ao prefeito Wladimir Garotinho, o que não é verdade.
O episódio simboliza o ambiente de resistência à presença do presidente na cidade, que possui um perfil eleitoral historicamente conservador. Nas eleições de 2018 e 2022, Campos deu ampla vantagem ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 2018, Bolsonaro obteve 64,87% dos votos no segundo turno contra Fernando Haddad. Em 2022, a diferença se manteve: Lula perdeu novamente no segundo turno, com 36,86% dos votos contra 63,14% de Bolsonaro.
O prefeito Wladimir Garotinho, mesmo apoiando Bolsonaro em 2022 estará no evento, mostrando que os interesses da cidade estão acima de preferências partidárias.
A rejeição ao atual governo federal também é reforçada por dados recentes. De acordo com a pesquisa Genial/Quaest divulgada em abril, 56% dos brasileiros desaprovam a gestão Lula — um salto de 13 pontos desde julho de 2023. A aprovação caiu para 41%, refletindo um desgaste evidente na imagem do presidente.
Mesmo com uma agenda positiva — marcada pela entrega de uma nova estrutura universitária que representa um avanço para o ensino superior da região — a visita ocorre sob um clima de divisão e insatisfação velada. A pichação, embora apagada, sintetiza o sentimento de uma parcela significativa da população campista, que não vê com bons olhos a presença do líder petista na cidade.
A cerimônia de inauguração deve acontecer em meio a manifestações contidas, mas com um ambiente claramente marcado pela rejeição. A passagem de Lula por Campos, portanto, vai além da entrega de uma obra pública: se transforma em mais um reflexo da polarização política que ainda impera no país.