A decisão de desativar o Centro de Doenças Imuno-Infecciosas (CRDI) em Campos dos Goytacazes pegou a população e profissionais da saúde de surpresa. Após 23 anos de atuação como referĂȘncia regional no combate à dengue, zika, chikungunya e outras doenças infecciosas, o anúncio da transferĂȘncia dos atendimentos para unidades pré-hospitalares gerou forte reação da comunidade médica.
A medida foi tornada pública por veículos locais após confirmação da Secretaria Municipal de Saúde, mas até o momento não houve justificativa formal da Prefeitura sobre os motivos que levaram ao fechamento da unidade. A ausĂȘncia de um plano técnico de transição e a falta de transparĂȘncia nas decisões foram duramente criticadas por especialistas.
Em nota oficial, a Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia classificou a extinção do CRDI como um grave retrocesso sanitĂĄrio. A entidade ressaltou o papel estratégico do centro no enfrentamento das arboviroses e sua importância na produção científica e na articulação com a Vigilância Epidemiológica, alertando que o desmonte pode comprometer seriamente a resposta do município a surtos e epidemias.
O CRDI foi uma das principais frentes de atendimento durante a pandemia de COVID-19 e era reconhecido por sua capacidade de mobilização rĂĄpida em situações de emergĂȘncia. A migração para unidades que não possuem a mesma estrutura técnica ou assistencial levanta o risco de colapso em períodos de alta demanda. O silĂȘncio do governo municipal apenas amplia a inquietação entre profissionais e usuĂĄrios do SUS.
Enquanto a Prefeitura permanece calada, cresce a pressão por explicações públicas e pela apresentação de um plano de reestruturação que garanta a continuidade da assistĂȘncia especializada e do controle epidemiológico na cidade.