Uma aberração institucional estĂĄ em curso (ASSISTA AO VĂDEO AQUI). O vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, Thiago Pampolha, um polĂtico profissional sem qualquer comprovação de saber técnico relevante, quer se encostar em uma poltrona vitalĂcia no Tribunal de Contas do Estado. Um dos cargos mais estratégicos e bem pagos da RepĂșblica pode cair no colo de um apadrinhado que sequer concluiu o curso de Direito. Sim, o cidadão que fiscalizarĂĄ bilhões em contas pĂșblicas pode nem ter um diploma. Isso é mais do que um erro. É um crime moral contra o povo fluminense.
Não se trata de escolha por mérito. Trata-se de loteamento de poder. Pampolha foi deputado, foi secretĂĄrio — e foi, sobretudo, fiel. Fiel ao jogo polĂtico que transforma instituições em cartórios de compadrio. Ele não tem produção técnica, não tem experiĂȘncia qualificada. Seu notório saber é o notório saber da conveniĂȘncia polĂtica. É o saber de como se manter no poder, de como agradar aliados, de como ignorar o povo. É o saber da polĂtica velha, podre, corrupta.
A pergunta é simples e devastadora: como um estudante de Direito pode ser indicado para o cargo mĂĄximo de fiscalização de contas pĂșblicas no Estado? A resposta é brutal: porque neste sistema apodrecido, o mérito morreu. A técnica foi enterrada. O concurso virou teatro. A moral virou piada. E quem ri por Ășltimo são os donos do Estado, que usam cargos pĂșblicos como heranças de famĂlia e jogam a dignidade do povo na lata de lixo.
A indicação de Pampolha ao TCE é mais do que vergonhosa. É um atentado contra qualquer noção de decĂȘncia. É a consagração do cinismo institucional. É a assinatura de que o Estado não é do povo, é da quadrilha. E quando a fiscalização é entregue aos amigos, o roubo vira rotina, a miséria vira plano, e a justiça vira piada de mau gosto.
É urgente que a sociedade, o Ministério PĂșblico e o JudiciĂĄrio se levantem contra essa nomeação. Não se trata apenas de barrar Thiago Pampolha, mas de impedir o avanço de uma cultura polĂtica que desdenha da lei e da inteligĂȘncia popular. O TCE precisa de técnicos, não de apadrinhados. O passado jĂĄ mostrou o mal que isso pode causar, basta lembrar do conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão acusado de envolvimento para matar a Vereadora Marielle Franco. E também os conselheiros do TCE-RJ José Gomes Graciosa, Aloysio Neves, Domingos Brazão (novamente!), José MaurĂcio de Lima Nolasco e Marco Antonio Barbosa de Alencar, conselheiros afastados em 2017 na operação da Quinto de Ouro, mas autorizados a retornar em 2021 após decisão do STF.
Se essa nomeação passar, o povo deve saber: o Tribunal de Contas estarĂĄ morto. SerĂĄ mais um triste capĂtulo no jĂĄ tão manchado histórico do TCE-RJ. SerĂĄ apenas mais um gabinete de favores, protegido por toga, salĂĄrio vitalĂcio e impunidade. O Rio de Janeiro grita por socorro. E ninguém ouve. Porque estão todos muito ocupados comprando silĂȘncio com cargos pĂșblicos. Vergonha. Nojo. Indignação.