O mundo volta os olhos para a Capela Sistina, onde 133 cardeais, provenientes de 70 países, iniciaram o Conclave mais diverso da história da Igreja Católica. A eleição do novo Papa, deflagrada após a morte de Francisco, é marcada por uma configuração inédita do Colégio Cardinalício, com forte presença de representantes de regiões emergentes e uma maioria formada por nomeações do pontífice falecido.
Francisco deixa como legado uma Igreja mais descentralizada e globalizada, refletida diretamente na composição do conclave. Com países como Mongólia, Laos e Papua-Nova Guiné participando pela primeira vez, o processo eleitoral simboliza uma profunda guinada geopolítica, transferindo parte da influência tradicional europeia para o chamado "sul global".
Embora a maioria dos cardeais tenha sido nomeada por Francisco, o cenário está longe de ser previsível. A diversidade de culturas e visões teológicas no colégio torna as articulações internas complexas, e especialistas já apontam para a possibilidade de um conclave prolongado, com negociações intensas até que se chegue a um consenso.
O pano de fundo da escolha é uma disputa velada entre alas progressistas, que desejam dar continuidade às reformas inclusivas de Francisco, e setores ultraconservadores, que pressionam por um retorno a preceitos mais rígidos e tradicionais. A eleição do novo Papa, portanto, ultrapassa os muros do Vaticano: definirá o rumo moral, político e institucional da Igreja Católica nas próximas décadas.