A fumaça branca que subiu da Capela Sistina nesta quinta-feira (8) não apenas anunciou um novo pontífice, mas também marcou um momento histórico para a Igreja Católica. Pela primeira vez, um norte-americano foi eleito papa: Robert Francis Prevost, agora Leão XIV. Com 69 anos, formação em direito canônico e vasta experiência missionária no Peru, sua escolha representa uma inflexão geopolítica e pastoral com forte carga simbólica.
Leão XIV foi eleito com pelo menos 89 votos entre os 133 cardeais reunidos no conclave — o mínimo necessário para alcançar os dois terços exigidos. Seu perfil discreto, técnico e reformista o credenciou entre setores da Cúria que buscam dar continuidade às reformas iniciadas por Francisco, mas com mais racionalidade institucional e menos exposição pública.
A escolha do nome Leão XIV remete a papas que marcaram a história da Igreja com firmeza doutrinária e engajamento social. Especialistas veem no gesto uma sinalização de que o novo pontífice pretende ser assertivo diante das grandes crises que assolam a Igreja — da governança eclesial ao combate aos abusos.
O novo papa assume a liderança de uma Igreja em meio a turbulências internas e desafios globais. A principal sombra que paira sobre seu pontificado é uma investigação ainda em andamento no Vaticano, relacionada à sua atuação como bispo no Peru, onde foi acusado de ter demorado a agir diante de denúncias de abuso sexual envolvendo clérigos locais.
Apesar do caso, a eleição de Leão XIV revela uma aposta consciente do colégio cardinalício em sua capacidade de liderar a Igreja com firmeza institucional, conhecimento técnico e sensibilidade pastoral adquirida no campo. Seu passado latino-americano pode se tornar um trunfo estratégico para equilibrar as forças internas do Vaticano e aproximar o centro do poder eclesial das realidades do Sul Global.
Agora, sob os olhos do mundo e o peso da história, o novo papa inicia um pontificado que pode redefinir os rumos da Igreja Católica no século XXI — entre a herança de Francisco e as urgências de um tempo que exige reformas, escuta e coragem.
Fonte: G1