Campos vive dias de luto, revolta e indignação. Dois trabalhadores foram eletrocutados no Parque Boa Vista, vítimas de um fio de alta tensão rompido em plena via pública. Uma tragédia anunciada, pois moradores já haviam alertado há tempos sobre o perigo. A resposta da Enel? O silêncio. A ausência. O descaso. A negligência crônica de uma empresa que deveria prestar um serviço essencial à população, mas que só se destaca pela sua omissão e prepotência.
A concessionária de energia elétrica, Enel Distribuição Rio, é protagonista de um histórico de falhas e abandono. São constantes os relatos de fios soltos, postes em más condições, quedas de energia e demora absurda no atendimento às ocorrências. Agora, o preço foi a vida de dois pais de família. O mais revoltante é que, mesmo após o ocorrido, a Enel sequer prestou o mínimo de acolhimento às famílias das vítimas, desmentindo publicamente aqueles que choram os seus mortos.
Enquanto isso, a prefeitura de Campos tenta agir, mas a força do poder público parece ineficaz diante da arrogância de uma multinacional que se comporta como intocável. O prefeito Wladimir Garotinho convocou a Câmara para ouvir os familiares das vítimas e prometeu medidas duras, mas a população quer mais do que promessas: quer justiça, responsabilização e uma mudança estrutural na forma como os serviços são prestados na cidade.
Os protestos que bloquearam a BR-101 são reflexo da dor de um povo cansado de ser ignorado. Os gritos por justiça não são apenas pela tragédia recente, mas por anos de serviços precários, de um sistema que só funciona para cobrar a conta no fim do mês, mesmo quando falha em entregar o básico: segurança e dignidade.
A Enel precisa ser investigada, punida e, se necessário, afastada da concessão. O povo de Campos dos Goytacazes não pode continuar refém de uma empresa que demonstra total desprezo pela vida humana. Não se trata de política, mas de humanidade. Chega de mortes. Chega de omissão. Chega de Enel.