Após o primeiro turno das eleições municipais, o prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), já estão se movimentando discretamente em uma possível disputa pelo cargo do governador Cláudio Castro (PL) em 2026. Em uma entrevista ao jornal O GLOBO, Paes direcionou críticas tanto a Castro quanto a Bacellar, visto como seu principal rival na corrida pelo Palácio Guanabara, enquanto busca se aproximar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O gesto de Paes, que no mesmo dia viajou a Brasília para se reunir com o presidente Lula (PT), foi interpretado no cenário político fluminense como uma sinalização de sua intenção de concorrer nas eleições de 2026, apesar de ele e Bacellar negarem oficialmente essa possibilidade até o momento.
Embora Paes tenha mantido fortes críticas a Castro, com quem teve desavenças durante a campanha, ele acenou com uma possibilidade de união contra o que chamou de "interferência da liderança da Alerj" no governo estadual. Interlocutores acreditam que Bacellar está tentando ampliar seu espaço na gestão estadual, já antecipando uma candidatura em 2026.
Em um outro movimento, Bacellar foi recebido em junho por Bolsonaro em Brasília, recebendo uma medalha simbólica de "imbrochável" em reconhecimento à confiança do ex-presidente. Esse encontro foi promovido pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que busca apoiar um candidato bolsonarista para o governo do Rio em 2026. Além disso, Bacellar participou de um jantar com líderes partidários do Rio, onde foi questionado sobre sua conversa com Bolsonaro e sondado sobre suas intenções de disputar o governo.
Ao mesmo tempo, Paes, após ser reeleito, está analisando quais lideranças poderá atrair para aumentar sua influência fora da capital. Embora afirme que não será candidato, sua crítica ao estado durante a entrevista ao GLOBO foi vista por várias figuras políticas como uma clara indicação de sua intenção de se envolver diretamente na disputa. Contudo, a proximidade de Paes com Lula (PT) pode ser um obstáculo, já que muitos políticos de peso no estado do Rio estão mais alinhados ao bolsonarismo.
Bacellar, por sua vez, tem preferido não responder às provocações públicas de Paes. Seus aliados acreditam que entrar em um embate com o prefeito agora seria dar ainda mais visibilidade a ele, e Bacellar, que também nega interesse em concorrer ao governo, tem lembrado que seu verdadeiro objetivo ao entrar na política era alcançar um cargo no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Aliados de Bacellar também veem as atitudes de Paes como uma prova de que ele "não é confiável", já que, até recentemente, mantinha uma relação amigável com o presidente da Alerj.
Fonte: O Globo