No que parece ser mais um triste retrato da impunidade e negligência nas escolas públicas municipais de Campos, o caso conhecido como "Cervejinha" na Escola Municipal Lúcia Caldas, em Campos Limpo, revela uma trama de omissão, abuso de autoridade e despreparo dos responsáveis pela educação de nossas crianças. A diretora da unidade, Arielma, convocou recentemente uma reunião com os pais para "prestar esclarecimentos", mas poucos compareceram – talvez, justamente por desconfiarem de que tal encontro não traria as respostas e ações firmes que a situação exige.
Para piorar, das quatro funcionárias envolvidas no episódio, apenas duas foram afastadas, enquanto as outras continuam em suas funções, em um ambiente já desgastado e perigoso para os estudantes. Entre elas, uma cuidadora de alunos autistas e uma auxiliar de serviços, que agora admitem o erro e afirmam que "isso não vai mais acontecer". Ora, essa simples declaração é suficiente para garantir a segurança e o bem-estar das crianças? É inaceitável que funcionárias que protagonizaram um ato de tamanha gravidade permaneçam na unidade, como se um pedido de desculpas fosse redimir uma conduta irresponsável e desrespeitosa.
A situação beira o absurdo. A comunidade de Campo Limpo exige uma resposta imediata. São pais, mães e cidadãos que confiam suas crianças a uma escola que deveria ser um ambiente seguro e educativo, e não um espaço onde profissionais, que deveriam ser exemplo de conduta, se comportam de maneira negligente e ameaçadora. O Ministério Público e o Conselho Tutelar têm a responsabilidade de intervir e garantir que o caso seja tratado com a seriedade que merece. Até o momento, porém, ambos permanecem em um silêncio preocupante, que ecoa como descaso diante de uma sociedade já cansada de impunidade.
As próprias palavras das envolvidas mostram que a situação é ainda mais grave do que se poderia imaginar. A auxiliar de serviços, que se preocupa mais em descobrir quem a denunciou do que em demonstrar verdadeiro arrependimento, é um exemplo claro de falta de responsabilidade. Existem áudios dela circulando, enviados para uma professora da mesma escola, em que ela demonstra esse sentimento de revolta pela denúncia, mas não expressa remorso algum pelo ato em si. E a diretora Arielma? Segundo relatos, ela está ciente de toda a situação e, pior ainda, teria tentado abafá-la. Tal atitude apenas agrava o cenário de negligência e mostra um sistema que, ao invés de proteger os estudantes, acoberta falhas graves.
Enquanto isso, uma professora que recebeu os áudios enfrenta assédio moral dentro da própria escola. A diretora e a auxiliar, segundo informações, têm direcionado suas frustrações para essa profissional, que apenas cumpriu seu dever em buscar justiça para os alunos. Tal assédio é, também, um sinal do despreparo e da falta de ética que permeiam a administração da unidade. É inadmissível que, em vez de focar na proteção dos estudantes e na punição dos responsáveis, a gestão da escola opte por intimidar uma funcionária que tenta fazer o certo.
O mais alarmante é que a Secretaria de Educação já tem ciência dos áudios e, mesmo assim, permanece inerte. Ao que tudo indica, a proteção dos estudantes e o zelo pela ética profissional ficaram em segundo plano. Qual é o papel dessa secretaria, se não assegurar que as escolas sejam ambientes seguros e fiscalizados? A sociedade não quer desculpas, quer ação. Quer ver o fim de um sistema que protege os infratores e pune aqueles que têm coragem de denunciar.
O caso "Cervejinha" expõe um problema muito maior do que o erro de duas funcionárias. Revela a falência de uma gestão escolar que, mesmo diante de provas e exigências da comunidade, prefere manter o status quo e ignorar o que realmente importa. Chegou a hora de uma intervenção firme e definitiva. A comunidade de Campo Limpo não aceitará menos do que uma resposta clara e ações concretas.
Fonte: Redação/Denúncia