Coluna Edmar Ptak

CLÁUDIO CASTRO E A CRISE DA PREVIDÊNCIA NO RIO DE JANEIRO: UM DESRESPEITO AO SERVIDOR PÚBLICO.

Foram remanejados R$ 2,7 BILHÕES do Fundo Único de Previdência Social (RioPrevidência) para quitar dívidas do Estado com a União.

Por Redação em 21/11/2024 às 16:58:45

O recente decreto do governador ClĂĄudio Castro, remanejando R$ 2,7 bilhões do Fundo Único de PrevidĂȘncia Social (RioPrevidĂȘncia) para quitar dĂ­vidas do Estado com a União, é mais um capĂ­tulo sombrio na gestão financeira do Rio de Janeiro. O ato, que subverte a destinação original de recursos provenientes de royalties do petróleo, é não apenas um golpe contra os servidores pĂșblicos, mas também uma afronta à confiança da sociedade em seus governantes.

A origem desses recursos não deixa dĂșvidas: deveriam ser destinados exclusivamente ao pagamento de aposentadorias e pensões dos servidores fluminenses, pessoas que dedicaram anos de trabalho ao serviço pĂșblico. No entanto, a transferĂȘncia para o Tesouro Estadual transforma o direito adquirido desses trabalhadores em uma moeda de troca para equilibrar um orçamento mal gerido. Essa atitude reflete a priorização de dĂ­vidas externas em detrimento da segurança financeira de milhares de aposentados, que agora vivem sob a ameaça de não receberem seus benefĂ­cios.

O argumento de "fechar as contas" para 2024 é insuficiente e irresponsĂĄvel. Governos estaduais, como qualquer entidade administrativa, tĂȘm a obrigação de planejar e gerenciar recursos sem recorrer a prĂĄticas que comprometam ĂĄreas essenciais, como a previdĂȘncia. Além disso, a manobra levanta questões sobre prioridades: se hĂĄ R$ 4,9 bilhões a serem remanejados, por que não buscar renegociações com a União ou outras fontes de financiamento menos prejudiciais ao funcionalismo?

A inércia judicial também precisa ser questionada. Embora deputados de oposição, o Ministério PĂșblico e o Tribunal de Contas do Estado tenham acionado o governador na Justiça, a demora em julgar o caso só agrava a situação. Essa lentidão reforça a sensação de impunidade e deixa servidores e cidadãos à mercĂȘ de decisões arbitrĂĄrias. A morosidade em barrar ações potencialmente ilegais mina a confiança da população no sistema jurĂ­dico e cria precedentes perigosos para futuras gestões.

Mais do que uma questão administrativa, esse episódio expõe a fragilidade de uma classe polĂ­tica que, ao invés de proteger os interesses de sua população, opta por remediar problemas com soluções paliativas e predatórias. É urgente que a sociedade fluminense cobre transparĂȘncia, planejamento e respeito. O que estĂĄ em jogo não é apenas o pagamento de aposentadorias, mas o futuro da relação de confiança entre Estado e cidadão. Se permitirmos que manobras como essa passem despercebidas, qual serĂĄ o próximo direito a ser negociado?


Fonte: Coluna de Berenice Seara, do site Tempo Real.

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