CRÔNICA DE PROMESSAS.

A saga da Ponte da Integração, que deveria simbolizar progresso e eficiência, se transformou em um reflexo dos entraves e da ineficiência histórica do governo do Rio de Janeiro. Sob a gestão do governador Cláudio Castro, as promessas de conclusão se empilham tanto quanto os anos de atraso, enquanto os moradores de São João da Barra e São Francisco de Itabapoana continuam reféns de uma infraestrutura precária. A cada adiamento, cresce a sensação de descaso com as demandas da população e com a gestão do dinheiro público.

Inicialmente orçada em R$ 105,7 milhões e anunciada como solução para um gargalo logístico histórico, a Ponte da Integração deveria ter sido entregue em 2015. Contudo, quase uma década depois, a obra ainda não foi finalizada. Embora o governo prometa agora uma inauguração para janeiro de 2025, as rodovias de acesso – essenciais para o pleno funcionamento da ponte – só serão entregues em 2026. Essa desconexão entre planejamento e execução não é apenas uma falha de gestão; é um desrespeito à população que aguarda por soluções reais há mais de 40 anos.

O histórico de promessas descumpridas é um testemunho preocupante da má gestão pública. Desde 1981, quando os pilares da antiga Ponte João Figueiredo ficaram abandonados, até os reiterados adiamentos na conclusão da atual ponte, cada promessa quebrada demonstra a incapacidade dos governos de priorizarem obras essenciais. Cláudio Castro, que em 2022 chegou a afirmar que "alguma cabeça iria rolar" caso os prazos não fossem cumpridos, parece hoje confortável em oferecer desculpas, enquanto a população enfrenta diariamente os impactos de uma logística ineficiente e perigosa.

Além disso, o custo crescente da obra é outra questão alarmante. Entre a construção da ponte e a pavimentação das rodovias RJ 194 e 196, o valor total ultrapassa R$ 180 milhões, um montante significativo para uma obra que ainda não cumpriu sua função. A constante revisão de contratos e prazos não apenas atrasa o progresso, mas também levanta questões sobre a transparência no uso dos recursos públicos. Quantos milhões mais serão necessários para entregar uma ponte que deveria estar funcionando há quase uma década?

Por fim, o que se espera de um governo é planejamento e compromisso com a sociedade. A Ponte da Integração, longe de ser um símbolo de progresso, se tornou o retrato da negligência e do improviso. A população de São João da Barra e São Francisco de Itabapoana não precisa de novas datas ou discursos vazios; precisa de obras concluídas, estradas asfaltadas e um governo que cumpra suas promessas. Chegou a hora de o governador Cláudio Castro deixar as palavras de lado e entregar resultados concretos. Afinal, os cidadãos do Rio de Janeiro merecem muito mais do que uma história de adiamentos e desculpas.

HISTÓRICO DE ATRASOS:

• 1981 - Ponte João Figueiredo é lançada, mas pilares jamais receberam os tabuleiros da pista;

• 06/06/2014 - Descartada a possibilidade de conclusão da Ponte João Figueiredo, pedra fundamental da Ponte da Integração é lançada pelo então governador Luiz Fernando Pezão, com prazo de conclusão de um ano;

• 24/11/2018 - Pezão reafirma que obra seria concluída no seu mandato, que terminaria no mês seguinte;

• 02/09/2019 - Cláudio Castro visita Campos, ainda como vice-governador de Wilson Witzel, e promete retomada da obra "em breve";

• 27/09/2022 - Castro, agora governador e candidato à reeleição, promete a conclusão da obra até 31 de maio de 2023;

• 16/12/2022 - Após diplomação, Castro fala na conclusão em 30 de maio e diz que se a obra não terminasse, "alguma cabeça iria rolar";

• 30/05/2023 - DER-RJ adia conclusão para dezembro;

• 22/11/2023 - DER-RJ altera a previsão de conclusão para março de 2024;

• 01/03/2024 - DER-RJ faz nova alteração e conclusão da Ponte está prevista para junho de 2024;

• 27/05/2024 - DER-RJ confirma entrega da Ponte para o final de junho;

• 17/06/2024 - Governo do Estado diz que conclusão está prevista para setembro;

• 05/07/2024 - Cláudio Castro adia entrega da ponte para ano que vem.