Enquanto o Cristo Redentor continua a simbolizar a esperança e a fé de milhões de brasileiros, a cena de Sérgio Cabral, ex-presidiĂĄrio e condenado a mais de 400 anos de prisão, usando este Ăcone nacional como pano de fundo para desejar "Feliz 2025" é um retrato devastador da inversão de valores em nosso paĂs (ASSISTA AQUI). Mais do que uma afronta à moralidade pĂșblica, é uma ferida aberta na credibilidade das instituições brasileiras, que parecem cada vez mais impotentes diante do descaso com a Justiça.
Sérgio Cabral não é apenas mais um polĂtico que cometeu erros; ele é a personificação de um sistema corrupto que saqueou os cofres pĂșblicos e arruinou vidas. Seus crimes vão além de nĂșmeros frios em sentenças judiciais. Eles representam hospitais sem medicamentos, escolas sucateadas e uma população entregue à própria sorte. Sua libertação, após mĂseros seis anos de prisão, em comparação aos mais de 400 anos a que foi condenado, reforça a sensação de que, no Brasil, leis e punições são maleĂĄveis para quem detém poder e influĂȘncia.
É ainda mais ultrajante que Cabral tenha a audĂĄcia de se posicionar como um "formador de opinião". Em qualquer sociedade minimamente preocupada com ética, uma figura como ele estaria banida do espaço pĂșblico. No entanto, aqui, ele ocupa holofotes e tenta redesenhar sua imagem, enquanto o estado do Rio de Janeiro, vĂtima direta de seus atos, assiste impotente. O que isso diz sobre a nossa cultura polĂtica e social? Como chegamos a normalizar tamanha falta de vergonha?
A cena de Cabral transmitindo votos de Ano Novo não é apenas uma piada de mau gosto; é um lembrete sombrio de que a impunidade tem palco garantido no Brasil. Isso não seria possĂvel sem a conivĂȘncia de um sistema jurĂdico que falha em garantir que criminosos de colarinho branco paguem devidamente por seus atos. Enquanto isso, pequenos delitos continuam a lotar as prisões, refletindo a seletividade punitiva que castiga a pobreza e absolve a elite.
É preciso que a sociedade brasileira recuse, de forma veemente, essa tentativa de normalizar o absurdo. Não se trata apenas de indignação moral, mas de uma luta pela preservação de valores essenciais para o funcionamento de uma democracia. Deixar que Cabral e outros como ele redefinam suas narrativas sem consequĂȘncias reais é uma capitulação que nenhum paĂs com aspirações de justiça social pode aceitar. O Brasil precisa de lĂderes, não de farsantes. E, acima de tudo, precisa de cidadãos que não tolerem mais esse teatro de cinismo.