A licitação dos semáforos inteligentes em Campos dos Goytacazes é mais um exemplo da prática deplorável de gestão pública no Brasil. Com um custo astronômico de R$ 500.000,00 por semáforo e um total de R$ 22 milhões, o caso expõe um grave indício de corrupção e desprezo pelos recursos públicos. O valor, incompatível com a realidade do mercado, deve ser visto como um atentado ao bolso do contribuinte e um convite à investigação rigorosa.
Ainda mais grave é o fato de que, entre os dois concorrentes da licitação, as empresas vencedoras são parceiras ou sócias da que perdeu em outras disputas públicas. Essa proximidade entre os participantes lança uma sombra de suspeita sobre o processo e reforça a tese de que a competitividade foi apenas um teatro montado para encobrir um esquema de favorecimento. Como a sociedade pode confiar em gestores que permitem, ou pior, facilitam, tais práticas?
Não é a primeira vez que essas empresas estão no centro de polêmicas. Elas já respondem a processos por fraudes em licitações e superfaturamento, e um dos proprietários chegou a confessar o pagamento de propina a gestores públicos em troca de contratos. Isso só confirma que o histórico dessas empresas é de desrespeito absoluto pelas leis e pela ética. Até quando autoridades continuarão ignorando esses sinais de alerta?
A conivência ou a negligência do poder público em casos como esse é inaceitável. O Ministério Público tem a obrigação de investigar profundamente e responder à sociedade: houve fraude nesta licitação? A resposta não pode demorar, pois cada dia sem transparência é mais um golpe na já frágil confiança da população em suas instituições.
A próxima denúncia, que será encaminhada ao Tribunal de Contas do Estado, é mais um passo necessário para que esse caso não termine em impunidade. No entanto, é preciso que toda a sociedade fique alerta e cobre explicações contundentes. Não podemos aceitar que R$ 22 milhões sejam desviados enquanto serviços essenciais carecem de investimentos.