A suspensão da licitação de R$ 68 milhões para a implantação da "Zona Azul" em BĂșzios pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) é a prova de que a gestão pĂșblica do municĂpio segue operando de maneira, no mĂnimo, irresponsĂĄvel. Quando um tribunal precisa intervir para impedir um processo licitatório viciado, é sinal de que os interesses pĂșblicos foram jogados para escanteio. Mais uma vez, a população assiste perplexa à tentativa de torrar dinheiro pĂșblico em um projeto cercado de irregularidades.
O primeiro absurdo apontado pela Secretaria-Geral de Controle Externo do TCE-RJ foi a violação do prazo mĂnimo para a anĂĄlise do edital e a preparação das propostas. A administração municipal quis atropelar a transparĂȘncia ao reduzir de 35 para apenas 15 dias Ășteis o perĂodo para que as empresas interessadas pudessem estudar e participar da concorrĂȘncia pĂșblica. Isso favorece quem? Certamente, não é o cidadão comum que precisa de um sistema de estacionamento funcional, mas sim aqueles que jĂĄ estavam "bem informados" sobre a jogada suja do edital.
Além disso, hĂĄ a completa omissão do municĂpio na prestação de informações ao SIGFIS, o que impede o devido controle externo sobre a concessão. Em outras palavras, a prefeitura tentou passar a boiada sem que ninguém percebesse, na esperança de que tudo ocorresse às sombras, longe dos olhos da fiscalização. Esse tipo de prĂĄtica deveria ser inaceitĂĄvel em qualquer administração pĂșblica séria. Mas, como jĂĄ sabemos, transparĂȘncia não parece ser o forte da gestão municipal de BĂșzios.
A desculpa de que o projeto visa melhorar a organização do trânsito e facilitar o estacionamento nas vias pĂșblicas não convence. O que se vĂȘ, na realidade, é um esquema mal planejado, apressado e que abre brechas para direcionamento e prejuĂzo aos cofres pĂșblicos. Se a prefeitura estivesse realmente interessada no bem-estar da população, teria seguido os trâmites corretos, garantindo ampla concorrĂȘncia e participação de todos os interessados. Mas parece que a pressa em fechar contratos milionĂĄrios fala mais alto.
Enquanto isso, o cidadão continua pagando a conta da incompetĂȘncia e dos conchavos polĂticos. BĂșzios precisa de uma gestão séria, comprometida e, acima de tudo, transparente. Licitações obscuras como essa não podem continuar sendo a regra. Que essa suspensão sirva de lição para os gestores que insistem em tratar o dinheiro pĂșblico como se fosse um cheque em branco para alimentar interesses privados.