A recente reunião do prefeito Wladimir Garotinho com vereadores eleitos e líderes partidários expõe as rachaduras crescentes na base política do chefe do Executivo de Campos. Apesar dos sorrisos registrados na foto oficial e do clima aparentemente amistoso, o que prevaleceu foi um silêncio ensurdecedor, repleto de intrigas e insatisfações que apontam para uma gestão que caminha em terreno instável. O descontentamento, velado ou não, começa a colocar em xeque a habilidade de Wladimir em unificar seu grupo político e garantir estabilidade legislativa.
O prefeito, em uma tentativa de manter controle sobre a eleição da presidência da Câmara que se aproxima, viu sua estratégia de articulação ser ofuscada pelas movimentações de vereadores que, claramente, não estão alinhados. A insistência em lançar Fred Rangel como candidato favorito mostra não apenas uma tentativa de centralizar poder, mas também uma falta de habilidade em construir consensos reais. O silêncio de Kassiano Tavares, Marquinho do Transporte e Anderson de Matos, reeleitos e com peso político relevante, fala mais alto do que qualquer discurso ensaiado. O fato de não confirmarem nem negarem rumores sobre uma nova chapa sugere uma considerável insatisfação silenciosa que Wladimir não pode ignorar.
Além disso, a postura de Juninho Virgílio, que rejeitou de imediato o convite para ser líder do governo, mas manteve sua candidatura à presidência da Câmara, é um claro recado de insatisfação. O que deveria ser uma aliança sólida em torno do governo está se tornando um campo minado de disputas internas. A tentativa de Wladimir de negociar apoio oferecendo cargos estratégicos revela uma política de troca que, além de ultrapassada, está longe de ser suficiente para conter as fissuras na base aliada.
O desconforto foi ainda mais evidente na segunda reunião do dia, realizada sem a presença das lideranças partidárias. A saída precoce de um vereador de primeiro mandato, visivelmente insatisfeito, reforça a percepção de que o prefeito está perdendo a capacidade de dialogar com sua própria base. Esse cenário de insatisfação crescente é preocupante, especialmente para um gestor que depende do alinhamento legislativo para avançar projetos e cumprir promessas de campanha.
No cerne do problema está a estratégia de governança de Wladimir Garotinho, que parece apostar mais no controle centralizado e na política de bastidores do que no diálogo aberto e na construção de consensos verdadeiros. A falta de transparência e a postura autoritária em negociações podem ter efeitos devastadores não apenas para sua gestão, mas também para o desenvolvimento de Campos. A política não pode ser tratada como um jogo de cartas marcadas; ela exige maturidade, liderança e, acima de tudo, compromisso com o bem-estar da população. Wladimir, ao que tudo indica, ainda tem muito a aprender sobre isso.