Enquanto milhões de brasileiros batalham por salários indignos, o Judiciário do país protagoniza mais um escândalo vergonhoso. Juízes recém-aprovados no TJ-SP, que deveriam começar suas carreiras com um salário digno, mas dentro dos limites constitucionais, estão embolsando valores absurdos, ultrapassando até mesmo os ministros do STF. Não há justificativa razoável para que um juiz iniciante receba, em média, entre R$ 39 mil e R$ 75 mil líquidos por mês, enquanto a Constituição supostamente limita os vencimentos ao teto do Supremo. Mas, no Brasil, leis são feitas para serem burladas, principalmente quando beneficiam a elite do funcionalismo.
O truque? Uma série de penduricalhos disfarçados de "verbas indenizatórias", como auxílio-moradia, acúmulo de processos, férias vendidas e pagamentos retroativos misteriosos. Tudo devidamente maquiado para que os supersalários sejam pagos sem esbarrar no teto constitucional. Enquanto isso, servidores da saúde, educação e segurança pública, que lidam diretamente com a dura realidade da população, seguem recebendo migalhas. Como se não bastasse, os magistrados ainda têm o direito a dois meses de férias, um luxo inimaginável para o trabalhador comum, e frequentemente vendem parte desses dias, engordando ainda mais seus contracheques.
O mais revoltante é que essa prática não se restringe a São Paulo. Em Minas Gerais, o Tribunal de Justiça Militar distribui remunerações que chegam a absurdos R$ 123 mil por mês. Em Mato Grosso, os valores chegam a R$ 110 mil. E tudo dentro da lei – ou melhor, dentro da manipulação das brechas da lei. O que deveria ser exceção virou regra. Um sistema criado para proteger a elite do Judiciário à custa do dinheiro público.
O STF, que deveria ser o guardião da Constituição, finge indignação, mas se limita a dizer que o Judiciário brasileiro é o "mais produtivo do mundo". Produtivo para quem? Para a elite que lucra com um sistema inchado, burocrático e que privilegia quem está dentro do jogo. O cidadão comum, que depende de um Judiciário lento e ineficaz, segue refém de processos que se arrastam por anos, enquanto juízes engordam suas contas bancárias com benefícios desproporcionais.
O Brasil não pode continuar aceitando esses privilégios escancarados. Não há como justificar salários que ultrapassam o teto constitucional enquanto milhões de brasileiros sobrevivem com um salário mínimo vergonhoso. A sociedade precisa reagir. É hora de pressionar por uma reforma séria no Judiciário, com transparência e fim dos penduricalhos que garantem a uma pequena casta privilégios que a esmagadora maioria da população jamais terá. Se o Judiciário quer ser respeitado, que comece dando o exemplo.
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