A diplomação dos eleitos em Campos dos Goytacazes, confirmada para 16 de dezembro, simboliza mais um capítulo previsível no ciclo político brasileiro: promessas infladas, disputas de poder e uma preocupante continuidade dos mesmos interesses. Enquanto os palcos são montados para celebrar a "democracia", a população, mais uma vez, assiste a uma peça que raramente entrega o que promete.
A reeleição do prefeito Wladimir Garotinho (PP) e de sua base governista na Câmara reforça uma estrutura que há anos domina o cenário político local, muitas vezes marcada por escândalos e acusações de má gestão. A vitória em primeiro turno pode até indicar apoio popular, mas também revela a ausência de uma oposição robusta e articulada, capaz de desafiar o status quo. Campos, como tantas outras cidades do Brasil, parece presa a uma roda-gigante de lideranças que giram em círculos, enquanto as necessidades reais da população ficam estagnadas.
Entre os 19 vereadores da base governista e os seis da oposição, a composição da Câmara reflete, em grande parte, alianças políticas estratégicas que priorizam interesses partidários em detrimento do debate sobre políticas públicas efetivas. É difícil imaginar uma oposição eficiente em um cenário onde a esmagadora maioria parece alinhar-se aos interesses do executivo. Sem um equilíbrio de forças, corre-se o risco de transformar a Câmara em um mero carimbo das decisões do prefeito.
O histórico político de Campos aponta para desafios significativos em áreas cruciais, como saúde, educação e infraestrutura. No entanto, a prática comum tem sido focar em questões de menor impacto, com discursos inflamados e ações limitadas. Enquanto isso, a população enfrenta hospitais superlotados, escolas sucateadas e uma economia que não atende à demanda por empregos e qualidade de vida. Onde estão os planos estratégicos que poderiam alavancar o potencial da cidade? Onde estão as soluções de longo prazo que priorizam as pessoas em vez de interesses políticos?
A cerimônia de diplomação pode ser um marco democrático, mas é preciso lembrar que política não é teatro, e os eleitos têm a obrigação de justificar cada voto recebido. A sociedade precisa exigir mais que promessas: precisa de resultados. A classe política de Campos como um todo deve ser constantemente cobrada e vigiada. Não há mais espaço para inércia. A mudança que tanto se prega deve ser visível, palpável e, sobretudo, construída com ética e compromisso genuíno com a população. O tempo das narrativas vazias já deveria ter ficado para trás.