Um escândalo fundiário expõe as entranhas da reforma agrária brasileira: 48 mil hectares desapropriados da antiga Usina São João, destinados a assentamentos, viraram sítios de lazer. Segundo denúncias, 90% dos assentados venderam seus lotes ilegalmente, não pagaram os financiamentos e agora invadem novas terras, formando um ciclo vicioso. A falta de fiscalização do INCRA e a inércia do Ministério Público Federal transformaram uma política de justiça social em um fiasco de proporções bilionárias.
Enquanto isso, uma fazenda arrendada à cooperativa COAGRO, ligada à Usina Sapucaia em Recuperação Judicial, prova que terras produtivas podem cumprir sua função social sem desapropriação. Com 3 mil empregos diretos e mais de 10 mil cooperados — 85% pequenos produtores —, o modelo desafia a lógica tradicional de fragmentação fundiária. Especialistas questionam: por que desapropriar o que já funciona?
O contraste é gritante: de um lado, lotes abandonados e improdutivos; de outro, uma cooperativa que gera riqueza e sustento. O caso reacende o debate sobre os critérios da reforma agrária, que parece ignorar resultados em nome de ideais ultrapassados. Sem planejamento e fiscalização, o sonho da terra para quem nela trabalha vira pesadelo para o contribuinte.
A pressão por mudanças ganha força. Analistas apontam que o foco deveria ser em terras ociosas, não em propriedades que já alimentam a economia rural. O exemplo da COAGRO sugere que cooperativas podem ser a chave para um futuro mais eficiente, mas o governo segue preso a um modelo que, na prática, só redistribui problemas.
É preciso refletir e entender que a reforma agrária está falhando — e o que pode salvá-la. A resposta está nas terras que o Brasil insiste em desperdiçar enquanto ameaça o que já dá certo.