A situação dos hospitais filantrópicos de Campos dos Goytacazes, como a Santa Casa de Misericórdia, a Beneficência Portuguesa e o Hospital Plantadores de Cana, revela uma grave crise moral e administrativa que escancara o desprezo pelo trabalhador e pelos direitos fundamentais. O atraso no pagamento dos salários dos profissionais de saúde, que já dura mais de um mês, demonstra o nível de desorganização e negligência por parte das autoridades e instituições responsáveis.
Esses profissionais, que estão na linha de frente cuidando da saúde da população, agora enfrentam a humilhação de ter que mendigar pelo que lhes é de direito: seus salários. Justificar o não pagamento com a abertura do orçamento de 2025 é mais do que irresponsável; é um atestado de incompetência administrativa que coloca em xeque a seriedade da gestão pública. Como pode um município permitir que instituições essenciais, que dependem diretamente desses repasses, fiquem à beira do colapso financeiro?
Enquanto a Prefeitura e os hospitais trocam o silêncio por explicações evasivas, os trabalhadores vivem à base de promessas vazias. Para muitos, o atraso não significa apenas uma dificuldade temporária, mas o agravamento de situações financeiras críticas, como contas atrasadas, aluguel pendente e dificuldade para sustentar suas famílias. Isso sem mencionar o abalo psicológico causado pela incerteza e falta de perspectiva.
As declarações dos profissionais são um grito de socorro que deveria ecoar em todos os níveis da administração pública. A indignação é legítima e urgente. Como esperar que esses funcionários continuem exercendo suas funções com dedicação, enquanto são tratados como peças descartáveis? E, se chegarem à greve, a culpa recairá inteiramente sobre os ombros de quem não teve a decência de assegurar o básico: dignidade para quem trabalha.
Este caso não é apenas sobre salários atrasados; é um reflexo de uma gestão pública insensível e desconectada da realidade. O mínimo que se espera é uma resposta rápida, a regularização imediata dos pagamentos e o comprometimento com a criação de uma estrutura mais eficiente e humana. A sociedade não pode aceitar passivamente o desrespeito aos trabalhadores que garantem o funcionamento de serviços essenciais.