O episódio envolvendo a detenção do ex-desembargador Sebastião Coelho é mais um triste capítulo da crescente judicialização da política e do avanço do autoritarismo disfarçado de institucionalidade. Em um cenário que deveria ser pautado pelo equilíbrio e pela defesa dos princípios democráticos, o Supremo Tribunal Federal (STF) mais uma vez se comporta como um tribunal político, onde a divergência de opinião se torna crime e a ordem jurídica se molda ao bel-prazer dos ministros togados.
Coelho, um advogado que sequer conseguiu entrar no plenário, foi detido por "desacato" após protestar contra o julgamento de um caso de imensa carga política. Ora, desde quando um cidadão expressar sua indignação se tornou um crime inafiançável? Desde quando juízes passaram a se comportar como monarcas absolutistas, blindados contra qualquer tipo de crítica? A resposta é clara: quando a justiça deixou de ser um pilar da democracia e passou a ser um instrumento de perseguição.
O STF, sob a gestão de ministros que se autoproclamam guardiões da democracia, tem sistematicamente atropelado direitos fundamentais. O que aconteceu com Sebastião Coelho é um retrato perfeito de uma corte que, ao invés de garantir o debate e a pluralidade de ideias, reprime de maneira sumária qualquer um que ouse contestar sua supremacia. O que se viu foi um show de força, um espetáculo de intimidação para calar vozes dissidentes e enviar um recado claro: "quem nos desafiar será silenciado".
A decisão de Barroso de registrar um boletim de ocorrência e liberar Coelho imediatamente não deve ser vista como um gesto de moderação, mas sim como uma manobra cínica para evitar uma reação pública mais forte. O objetivo já havia sido cumprido: humilhar um crítico da Corte, marcar território e reafirmar que, no Brasil de hoje, as instituições servem aos interesses de poucos, e não ao povo.
O episódio escancara o perigo de um judiciário que se tornou o verdadeiro protagonista da política nacional. O STF não apenas julga, mas legisla, persegue e define os limites do que pode ou não ser dito. A democracia brasileira se encontra refém de uma estrutura que usa a legalidade como pretexto para consolidar sua própria autoridade. A pergunta que resta é: até quando a sociedade aceitará ser subjugada por um poder que já não responde a ninguém?
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